Aproveitando o clima maternal do blog esses dias e a pedidos de várias seguidores decidi também falar sobre atividade física na gestação. Durante muitas décadas a mulher grávida foi tratada com um excesso de cautela e em alguns casos até mesmo impedida de realizar pequenas tarefas do seu dia a dia. Este medo era fundado em mero desconhecimento e vem sendo superado aos poucos. Com o passar do tempo, estudos começaram a constatar que a gestante não é tão frágil como se imaginava e que a prática regular de atividade física não seria nociva, muito pelo contrário, benéfica, quando bem supervisionada.

Um marco para essa mudança de tratamento foi o estudo realizado pela American College of Obstetricians and Gynecologists, na década de 90. Justamente por ser uma área de atuação relativamente recente (pode parecer muito, mas vinte anos é pouco em matéria de estudos), ainda existem muitas dúvidas, mitos e controvérsias. Justamente por isso acho importante esclarecer o que vem sendo publicado sobre como e quando praticar atividade física durante a gravidez.

O benefício mais aparente para leigos é o controle do peso. É um fato esperado que a gestante ganhe peso durante a gravidez. Entretanto, o excesso de peso pode ser prejudicial a ela e a seu bebê, trazendo consequências indesejadas como hipertensão arterial, diabetes, obesidade pós-parto, complicações no parto e outras. Diversos estudos comprovam que gestantes que praticam atividades físicas apresentam uma redução na velocidade do ganho de peso, isto quer dizer, ganham peso progressivamente, porém de forma mais lenta, chegando ao final da gestação com um peso saudável.

O controle no ganho de peso pode se refletir em pequenos benefícios como redução de edemas (inchaço), diminuição de câimbras e fadiga ou em questões mais significativas, como prevenção de patologias graves como diabetes. Não se trata de mera presunção, um estudo do próprio American College of Obstetricians and Gynecologists comprovou a relação entre atividade física na gravidez e diminuição do ganho de peso da gestante, com consequências positivas para mãe e bebê.

Durante a gestação pode ocorrer um desvio do centro gravitacional da gestante graças ao peso extra, expansão do útero, à rotação da pelve e ao aumento de elasticidade dos ligamentos. Isto pode fazer com que a mulher adote, ainda que sem querer, uma nova postura (geralmente uma hiperlordose lombar) ocasionando dores e desconfortos como lombalgia. Uma musculatura fortalecida contribuirá para uma melhor adaptação a essa nova postura e ajudará a mulher a lidar com o peso extra que estará carregando.

Outro benefício diz respeito ao coração da futura mamãe. Durante a gravidez há um aumento da atividade cardiovascular, normal e esperado. Com a prática regular de atividade física é possível reduzir esta sobrecarga e, como consequência, a futura mamãe ganha frequência cardíaca mais baixa, maior volume sanguíneo em circulação, maior capacidade de oxigenação, menor pressão arterial, prevenção de trombose e varizes, e redução do risco de diabetes gestacional.

Nessas horas, todo mundo pensa nas varizes, mas o perigo maior reside na diabetes. Pode parecer um problema eventual, mas diabetes gestacional afeta cerca de 5% das gestantes. Ao exercitar a musculatura a gestante fará com que seu corpo promova uma melhor utilização da glicose e aumente sua sensibilidade à insulina, reduzindo os riscos. Mesmo em mulheres que já apresentavam diabetes antes de engravidar, a atividade física vem se mostrando de grande ajuda. Estudos indicam que é possível auxiliar na regularização dos níveis glicêmicos com a prática de atividade física apropriada, mesmo quando a diabetes é preexistente.

Um medo muito comum das futuras mamães é que a prática de atividade física possa induzir a um parto prematuro. Isto não é verdade. Quando praticada com a correta orientação, a atividade física pode até mesmo contribuir para o nascimento na data prevista, uma vez que fortalece a musculatura pélvica e abdominal, que estará mais preparada para suportar o peso do bebê o tempo que for necessário. Este fortalecimento pode ser muito útil também no momento do parto, caso a mulher opte pelo parto normal. Estudos indicam que mulheres que se exercitaram corretamente demoram menos em trabalho de parto. Também existe relação direta entre a prática de atividade física e a diminuição do risco de depressão pós parto, em função dos índices de hormônios responsáveis pela sensação de bem estar liberados durante a atividade física, que se mantém elevados.

Não é apenas a mulher quem se beneficia com a prática regular de atividade física durante a gestação. Estudos comprovam que bebês cujas mães se exercitaram de forma adequada nasceram com mais peso do que bebês de mães sedentárias. E não se trata de “bebês mais gordinhos”, pois além do peso, foram observados outros fatores como percentual de gordura e circunferência craniana, constando que bebês cujas mães se exercitaram de forma correta tendem a ser mais desenvolvidos.

Porém, alguns cuidados devem ser observados. A gestante deve adotar algumas precauções. Para começo de conversa, só deve dar início à prática de atividade física quando seu médico a autorizar. Um profissional de educação física não está autorizado a tomar esta decisão, apenas o médico que acompanha a gestante. O prazo pode variar conforme cada caso, entretanto é muito comum que a gestante só seja liberada para praticar atividade física após o terceiro mês de gravidez. Se a aluna já pratica atividade física não há qualquer contra indicação de iniciar a atividade antes do terceiro mês porém, é de bom grado aguardar a autorização médica para a prática dos treinos.

O mais próximo de uma orientação padronizada são as recomendação do Sports Medicine Australia, que resumi para vocês terem uma noção geral das restrições. As principais recomendações são: exercícios aeróbicos em intensidade moderada, evitar treinos com frequência cardíaca acima de 140 bpm, exercícios três ou quatro vezes por semana com duração de meia hora, evitar contrações isométricas (aquele exercício onde se segura o peso em repouso por alguns segundos), evitar exercícios em ambientes muito quentes (isso vale para piscinas aquecidas também), ingestão adequada de calorias para não prejudicar o bebê, evitar exercícios que exijam equilíbrio (a mudança no centro gravitacional da mulher não favorece), interromper imediatamente o exercício se surgirem sintomas como dor abdominal, cólicas, sangramento vaginal, tontura, náusea ou vômito, palpitações, distúrbios visuais ou outros sintomas desagradáveis.

É fundamental que o profissional que acompanha a gestante monitore de forma atenta sua temperatura corporal, pois se houver uma elevação significativa, pode afetar o bebê (papo técnico: hipertermia). Também se recomenda o monitoramento dos batimentos cardíacos e pressão arterial da gestante durante os exercícios, tomando sempre muito cuidado com a intensidade, uma vez que atividades de alta intensidade podem comprometer o fluxo de sangue à placenta.

Para dúvidas, sugestões ou informações de treinos: contato@oseupersonal.com.br

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