Ontem tivemos o fim das Paralimpíadas do Rio com recorde de público e recorde de medalhas para o Brasil. Certamente assistir esses heróis de perto fez com que parássemos para refletir um pouco sobre a nossa postura e entendimento sobre essa “pseudo” limitação.
Geralmente blogs sobre atividade física e musculação focam suas postagens naqueles assuntos clássicos: hipertrofia muscular, suplementos e cia. Mas a vida é muito mais do que isso. Existe muita coisa importante por dizer que nem sempre está relacionada a estética, como é o caso da postagem de hoje. Você sabia que a atividade física para portadores de necessidades especiais pode trazer inúmeros benefícios?
Minha maior preocupação diz respeito às crianças, pois seus pais geralmente tomados por um excesso de preocupação e ímpeto de proteção, plenamente compreensíveis, costumam ter ressalvas em matricular crianças portadoras de necessidades especiais em academias. É preciso acabar com esta preocupação através da informação. Academias não são mais templos de culto ao corpo como eram na década de 80. Academias, ao menos as boas academias, são sinônimo de lazer, diversão, saúde e bem estar.
Em tempos de inclusão, nada melhor do que a atividade física como porta de entrada, pois além de aumentar a autoestima e promover a socialização, ela pode efetivamente trazer benefícios físicos. Diversos estudos comprovaram que a dança, por exemplo, pode promover muito mais ganhos do que melhorar o equilíbrio e a coordenação motora. A dança pode ajudar o cérebro, criando até novas sinapses e melhorando a cognição. Atualmente vem sendo usada como terapia para os mais diversos casos: paralisia cerebral, Síndrome de Down, esclerose múltipla, AVC e outros. Sim, há benefícios cerebrais alem dos musculares.
Musculação também pode ser de imensa valia. Por exemplo, o fortalecimento dos membros superiores em pessoas que fazem uso de cadeira de rodas ou ainda. Não se deixe intimidar pelas adaptações que serão necessárias, acessibilidade é um direito seu! Um bom professor realizará as adaptações necessárias. Além disso já existem empresas (uma delas brasileira!) que fabricam aparelhos de musculação pensados exclusivamente para pessoas que estejam em cadeiras de roda. São os chamados APADEF – Aparelhos para Deficientes Físicos.
Esportes também podem melhorar a capacidade cognitiva e motora, além de ser um meio saudável de obter reconhecimento, aprovação e admiração. Em breve teremos a realização das Olimpíadas e das Para-Olimpíadas, que podem ser um tremendo incentivo para portadores de necessidades especiais se animarem e inserirem uma atividade física em sua rotina, pois verão que é possível, que são capazes e que é benéfico. Recomendo que assistam às competições e as usem como incentivo.
É hora de riscar do vocabulário o termo “não posso me exercitar”. Pode. Deficiente físico pode, deficiente auditivo pode, pessoas com deficiência de locomoção podem, pessoas com deficiências motoras podem e até mesmo pessoas que se encontram em uma cama podem, com a devida ajuda de um profissional competente. Chega dessa conversa de que “não pode”. Pode. DEVE. Talvez sejam necessárias algumas adaptações, mas é perfeitamente possível.
A vida de todos nós ganha qualidade quando praticamos atividade física. Estamos falando de saúde, de qualidade de vida. Todos nós podemos viver um pouco melhor do que vivemos hoje, basta investir da forma correta no nosso bem estar. Você que é portador de necessidades especiais ou tem um filho portador de necessidades especiais, por favor, pense com carinho em inserir atividade física em suas vidas. Você sentirá a diferença e quem sabe um dia não acaba representando o Brasil em uma competição oficial?
Chega dessa história de que você não pode ou fulano não pode. PODE SIM. PODE E DEVE. Atividade física é para todos!
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