Hoje, cuidar de si é símbolo de status, disciplina e resistência. Beber já foi sinônimo de maturidade e pertencimento. Bares, cervejas e baladas eram vitrines aspiracionais da vida adulta, associadas a poder e prestígio social.
Agora, o luxo silencioso é ter controle sobre o corpo. A estética “clean” virou lifestyle. A ressaca perdeu o glamour e o excesso virou sinal de descontrole. Esse novo comportamento já aparece nos números. A AB InBev viu as vendas globais caírem 1,9%. No Brasil, o recuo foi de 6,5%. A Ambev caiu 3,2% no volume total.
Enquanto isso, as bebidas zero crescem. Mocktails, cervejas com vitamina D, rótulos minimalistas e 0% álcool. O “não beber” virou novo lifestyle — e mercado bilionário.
Mais que saúde, é linguagem. Autocuidado virou marcador social. Mostrar disciplina com o corpo é mostrar poder, foco, controle. Beber menos é sinal de sofisticação. Para a nova geração, recusar álcool é mais que escolha: é ato simbólico. É rebeldia silenciosa. Um novo pertencimento cultural que rejeita excessos e valoriza limites.